sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Imigrantes sírios morrem afogados em tentativa de chegar à Grécia





Pelo menos nove pessoas morreram na costa da Turquia.
Elas estavam em duas embarcações e tentavam chegar a Kos.



 Policial paramilitar recolhe o corpo de uma criança morta que apareceu em praia de Bodrum, na Turquia. Vários migrantes morreram afogados e alguns seguem desaparecidos após botes lotados naufragarem durante tentativa de chegar ao território grego (Foto: AP/DHA)







Pelo menos nove migrantes sírios morreram nesta quarta-feira (2) na costa da Turquia no naufrágio de duas embarcações que haviam partido da cidade turca de Bodrum e tentavam chegar à ilha grega de Kos, anunciaram as autoridades locais.
As imagens do corpo de um menino imigrante que apareceu numa praia de Bodrum se espalharam nas redes sociais numa onda de tristeza e indignação com a crise migratória. No Twitter, muitos dos comentários sobre o caso passaram a ser marcados com a hashtag #KiyiyaVuranInsanlik (humanidade levada com as águas).
O menino morto apareceu depois que as duas embarcações com imigrantes naufragaram. Elas haviam partido de Bodrum e tentavam chegar à ilha grega de Kos, anunciaram as autoridades locais. A imprensa turca o identificou como Aylan Kurdi, de 3 anos. Seu irmão, de 5 anos, também morreu. Eles seriam da cidade de Kobani, na Síria, devastada pelo conflito entre o Estado Islâmico e forças curdas.

O primeiro barco, que transportava 16 pessoas a bordo, afundou em águas internacionais, segundo uma fonte da Guarda Costeira turca que pediu anonimato.
Ao ouvir os gritos dos náufragos, os agentes turcos atuaram rapidamente e conseguiram salvar três pessoas, mas também retiraram sete corpos da água. Outros seis passageiros ficaram desaparecidos.
No segundo barco estavam seis sírios que também tinham Kos como destino, mas a embarcação afundou perto de Bodrum. Duas pessoas foram resgatadas, duas morreram e outras duas estavam desaparecidas.
Há vários meses, pessoas procedentes da Síria, Afeganistão ou África tentam cruzar o mar Egeu para chegar às ilhas gregas, uma porta de entrada para a União Europeia (UE).


 LEIA ESTE VERSO

O mundo não pode fechar os olhos para esse drama
O menino chegou na praia...
E o menino chegou na praia
Sozinho.
O menino poderia ser eu.
Você.
Todos nós.
Na areia.
Sem castelos.
E o menino chegou.
Cansado.
Todos choram o menino.
O mundo chora o menino.
Menos o mundo.
Eu chorei o menino. Por dentro.
Engasguei e quis tanto que ele se levantasse.
Devia ter frio e fome e quis muito que alguém lhe pegasse nos braços e que o levasse dali.
Que fosse chorando.
Que fosse gritando.
Que fosse vivo.
E o menino chegou na praia.
Ei menino!
A velha, bizarra, estúpida Europa carrega agora o menino. Morto.
Os americanos carregam o menino.
Os latinos, os asiáticos, os judeus, os muçulmanos, os crentes, os ateus, os africanos, os palestinos, os russos... O mundo carrega o menino. Morto.
Somos todos estúpidos!
Choramos e agora é tarde.
A mágica simbólica agora inverte a lógica.
É que na morte do menino que chegou na praia, morre o mundo e mais do que nunca, vive o menino.
Que ele permaneça vivo por anos, décadas e séculos.
Que esse menino interdite a morte e reacenda a máxima de uma civilização: o homem não pode ser o lobo do homem!
Que não seja em vão.
Não é assim que os meninos chegam na praia. Não é!
"O senhor da guerra
Não gosta de crianças..."
Wagner Rengel

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