Em apenas três quilômetros próximos à aldeia, nos últimos cinco anos, foram registrados 59 acidentes
Cascavel – Mortes em rodovia são frequentes perto da Reserva Rio das Cobras. Os veículos passam em alta velocidade pela BR-277, em frente à Reserva Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras. Os índios dividem espaço na rodovia com caminhões e carros para vender o artesanato. Eles caminham pelo acostamento e atravessam sobre a pista movimentada. As regras de trânsito são desrespeitadas e as estatísticas da PRF (Polícia Rodoviária Federal) demonstram as consequências da imprudência. Em apenas três quilômetros próximos à aldeia, nos últimos cinco anos, foram 59 acidentes, com 32 feridos e oito mortes. É uma média de um acidente por mês, com 1,7 feridos por mês e dois mortos por ano, em somente três quilômetros da BR-277. No trecho da rodovia ficam as barracas com cestos e arcos e flechas. E é do perigo da BR-277 que vem o sustento das famílias indígenas. “Preciso vender o artesanato na rodovia. Tenho medo, mas preciso”, diz a indígena Rita Luiz, que leva os filhos para o acostamento da BR-277 diariamente. Ela já viu vários acidentes e teme a velocidade dos veículos. “Passam muito rápido. Atravessar a rodovia é um perigo”.As famílias de indígenas queimam latas e fazem a comida no acostamento da BR-277. A cultura chama a atenção dos motoristas. Aos poucos, os turistas param e compram o artesanato exposto na rodovia. Mas a beleza dos artefatos camufla o perigo vivenciado pelos índios. “É um problema que enfrentamos. Os veículos passam muito rápido sobre a rodovia e os índios ficam em risco. Já foram muitos casos de atropelamentos. Ficamos preocupados com as crianças. Precisam tomar providências”, diz o cacique Ângelo Rufino. Os riscos são ainda maiores para os índios alcoolizados que ficam no acostamento da rodovia. Neste ano, a própria comunidade indígena contabiliza a morte de cinco moradores atropelados na BR-277. Havia indícios de embriaguez em todos os casos. “Tentamos recolher os índios com sinais de embriaguez na beira da rodovia. Diariamente, fazemos esse trabalho. A rodovia é muito perigosa. Boa parte dos atropelamentos ocorre no início da noite, por isso, um pouco antes passamos para verificar a situação na rodovia, mas em função da velocidade dos veículos os atropelamentos acabam ocorrendo”, diz Adir Carlos Veloso, coordenador técnico local da Funai (Fundação Nacional do Índio).
Índios pedem controladores de velocidade
Os indígenas cobram a instalação de controladores de velocidade no trecho de três quilômetros da BR-277, onde ficam expostas as barracas de artesanato. A luta pelos equipamentos eletrônicos começou há um ano e conta com o apoio do MP (Ministério Público). A Funai (Fundação Nacional do Índio) integra o movimento pela instalação de redutores de velocidade e ciclovias. O sistema seria a única forma de forçar a redução de velocidade perto da Reserva Indígena Rio das Cobras e preservar vidas. “O controlador de velocidade é indispensável, mas a instalação está demorada. Enquanto isso, os índios continuam correndo riscos de vida. É triste ver as famílias perdendo seus filhos, mesmo assim, nada muda”, diz a assistente social Hilda Cornélio.
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